24.5.06

"CARPE DIEM"

foto de J. Bastos


Carpe diem amigo
o dia claro com cheiro de açucenas
dia aberto sem portas nem telhado
dia a escorrer pelas fendas da muralha
dia com a espessura branda dos poemas
dia único amável imperdível
dia antigo de tanto ser esperado
dia feito e desfeito em poucas horas
é esse o dia de todos os sentidos
das amplas planuras sem chacais
só gazelas em livres correrias
é o teu dia amigo
não o desprezes
dá-lhe a mão
que um dia assim perfeito
com pouco se contenta
apenas quer sentir tua verdade
tua respiração


"Aproveita o dia" - a frase chave do filme O Clube dos Poetas Mortos que revisito sempre que posso. Muitas vezes, nas horas em que nada faz sentido, em que a esperança não é mais do que uma mancha cinzenta, me socorro desta tão curta frase (apenas um verbo imperativo e o seu complemento). Não vos digo que se trata de uma poção contra a tristeza, mas funciona como o leve sopro de uma voz amiga que nos faz levantar o queixo e seguir em frente. Há palavras que nos guiam. Talvez mágicas... Aproveitai as palavras!

Licínia Quitério

9 comentários:

Clotilde S. disse...

Palmas!

Ainda bem que te tenho na lista do meu clube dos poetas vivos.

Um grande abraço e uma flor.

(Sim. Conheço jardins de Mafra.)

Manuel Veiga disse...

Ler as tuas belíssimas palavras e uma viva expressão do teu conselho: carpem diem!

JPD disse...

Gostei muito, Licínia

M. disse...

A simplicidade e a beleza neste dueto. Como gosto!

M. disse...

Sobrou esta lá na paisagem: "Obrigada"!

Fátima Santos disse...

Um abraço, Licínia!

alice disse...

Cara Licínia,

deixo-lhe um pensamento:

quando ali me sentava
os anzóis prendiam as sombras da tarde a ganir com o cio
se a água do rio ao menos vazasse a prata sem dor
ou os meus pés fossem canas de pescar sapatos
mas ali sentada diante do nada
era lume brando a cozer traições
e a agonia dos peixes na berma da água
era o fim dos teus olhos a acabar a tarde
se ao menos os barcos passassem de véspera pelas ilusões
ou as redes vazassem sonhos menos fáceis
mas ali sentada com a alma trocada
pescava o diabo e as tentações
ainda que eu cruzasse a solidão entre as pernas
o cio esganava o brilho da prata caído no chão
mesmo que os anzóis mordessem a margem
nunca a rota dos barcos me corrigia a alma
e ali sentada de pernas cruzadas
não tinha calçado nem canas de pesca para a solidão


um beijinho,

alice

Era uma vez um Girassol disse...

Venho sempre aqui com a esperança de encontrar algo que me encha o peito...e cá está!
Carpe diem...
Também esse é o meu lema.
Nunca estamos sós, Licínia, não há um mundo a girar dentro de nós????
Beijinho, amiga!

Fenix disse...

Muito Bonito e Verdadeiro!

Gostei muito!

Abraço
São

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