7.5.09

RAÍZES

Desmesuradas, as raízes,
cansadas de seus trilhos
profundos de toupeira,
esquecidas dos sinais
que lhes mostraram
âncoras, amarras,
contextos vegetais,
eis que se soltam
dos lodos do passado.
Afiam garras,
irrompem pelas terras,
pelas águas,
olham as copas,
moradas soberbas de animais,
sugam reservas de húmus
e avançam, seguras e ousadas.
Olham para trás a fixar memórias,
respiram virgindade no presente
e vão à frente.
Sobem pelas escarpas
e só descansarão
quando o ninho das águias mais não for
que mácula minúscula na rocha.
Depois, fortalecidas, as raízes
retomarão suas matrizes
e fecharão o círculo,
na imitação das copas habitadas
pelos verdes radicais.


Licínia Quitério, "Da Memória dos Sentidos"

Nota: De regresso, um poema antigo em tradução fotográfica recente. Agradeço as visitas, na ausência. Beijos.

Licínia

13 comentários:

bettips disse...

Como aqui são raízes os teus olhos!

O teu olhar, árvore que se conhece e se fica Feliz de ver.
Bjinho

Arábica disse...

Belas essas raízes que te fazem regressada até nós, de olhar renovado!


E que os ninhos das águias mais não sejam que o pouso do voar plano e pleno!

Um beijo, poetisa.

Com malaguetas, pois então :)

© Maria Manuel disse...

belas essas raízes que traçam o seu caminho nas palavras do poema!

mena maya disse...

Belas as palavras que enraízadas em ti nos contam das tuas memórias!

Beijinho Licínia!

hfm disse...

Das raizes que perduram e que fazem crescer. Belo.

Justine disse...

Um grande, belíssimo poema de esperança, amiga: que as raízes se façam copas!

vida de vidro disse...

Palavras de extrema beleza. É bom encontrar novamente aqui as tuas raízes. E ver as árvores crescer, fortes. **

Beatriz disse...

Avalanche poética. Ética.
Vim nela e cheguei ao final sem fôlego mas revigorada.

Graça Pires disse...

Raízes, âncoras, amarras: a memória dos sentidos...
Muito belo, o poema.

Maria disse...

"Estacionei-me" na fotografia.
E fico sem palavras...

Beijo

Manuel Veiga disse...

raizes frondosas! como as copas das árvores. que habitam teu olhar...

beijo

JOSÉ RIBEIRO MARTO disse...

Um prazer !
Liberdade esta pra renascer !
Musicalmente também libertador...
abraço, Licìnia
_______ JRMARTO

vieira calado disse...

O ciclo fechar-se-á sempre e para sempre.
O seu poema é parte dele.
Outros abriram o ciclo e o ciclo se fechará na água.

Beijinhosss

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