Um dia destes o calendário nos dirá que já é maior a soma dos anos havidos. Encetaremos mais uma contagem do tempo das nossas vidas. Ficarão para trás as dores e alegrias que nos rechearam os dias. Olharemos mais uma vez o filme do passado e deitaremos contas ao que doámos e ao que negámos, ao que construimos e ao que adiámos, às horas que rimos e às que chorámos, aos amigos novos que conquistámos e aos que nos esqueceram ou partiram para sempre.
Fazemos votos de um novo ano diferente e melhor. A esperança ainda não morreu. Bem por dentro do nosso coração, projectamos um mundo luminoso e solidário, povoado de homens e mulheres com gestos verticais, rodeados de crianças de risos abundantes. Rejeitamos palavras como guerra e fome e doença e solidão. Em seu lugar, sonhamos árvores frondosas e cantares em bando e mesas fartas de pão e de poemas. Assim continuamos desenhando a estrada. Fortes e frágeis, austeros e ternos, decididos e titubeantes, desesperados e esperançosos, humanos e imperfeitos que somos.
Bom Ano para todos.
Licínia Quitério