18.2.11

CONVITE



Aqui tenho o prazer de anunciar o nascimento do meu novo livro de poemas. Estão todos convidados para o melhor manjar que sou capaz de vos oferecer.   Voltarei a dar-vos notícias sobre o dia em que espero ver e rever muitos de vós, num abraço de gratidão pelo grande incentivo que me têm dado nesta caminhada da escrita, meu trabalho e meu deleite.

Licínia Quitério

13.2.11

DEIXEM-ME




Deixem-me ser a alegria da magnólia no estertor do inverno. Assim rosada, virada aos céus, livre de folhas que só depois virão. Depois de mim, do meu esplendor, da branca solidão, depois do amor guardado na raiz, do suor da festa dos rapazes, do riso da festa das raparigas, da partida demorada dos velhos, da partida súbita dos novos, dos livros duas vezes lidos, do grito dos pobres na aresta da fome. Deixem-me estar, plantada à beira vida, solene e intensa, perfumada e limpa, sem outro anseio que o regresso das canções em bando, da gravidez aveludada das mulheres, da generosidade dos insectos em novas primaveras. Deixem-me. Eu sou assim...

Licínia Quitério    

4.2.11

UMA COR

Uma cor vibrante, uma cor galante,
uma cor estridente, uma cor diferente,
uma cor suave.
Grave é não ter cor ou supor
que se mente quando se diz: 
a cor do amor é a cor do mar.
Do mar de amar,
do mal de amar, da dor
de não saber
o sabor de ter
um castelo de cor
ali ao pé, ali ao peito, 
no jeito transparente
de cada amanhecer.


O meu amigo tem olhos da cor do fim de tarde, envolta em cheiro de rosmaninho e em doçura de velos de cordeiros.
A voz do meu amigo é da cor do canto dos riachos de margens muito antigas, polvilhadas de amoras e silêncios.
A pele do meu amigo é da cor da ardência do deserto e do arrepio da tundra.
O sangue do meu amigo tem a cor dos sonhos dos homens, das estrelas moventes, não cadentes, da respiração dos escravos, ao longe.


Uma cor, duas cores, sete cores, até ao pote de ouro, ao coração da terra, ao bicho cego, ao prenúncio do verde.
Uma cor, uma só cor, a maior, a mais serena de todas as cores, aqui à mão, aqui ao peito.
Uma bandeira contra o negro.


Pobre de quem não sabe
a cor do amor,
igual ao mar
de amar.


Licínia Quitério

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