Permanece a memória 
na escuridão dos armários e
na lã e
na seda e
no desenho do corpo e
na linfa dos frascos e
no forro das gavetas e
nas nervuras das folhas secas e
na tinta dos livros e
no odor da canela e
nas casas translúcidas
dos sonhos repetentes
Voláteis partículas da memória
transportam o fogo e
o gelo e
a fome e
a sede e
o desejo de um absurdo plenilúnio e
"O que aconteceu para escreveres isto?" - perguntei.
Tentou explicar: - "Foi uma mistura de cheiros na noite. E as cores iam mudando. E eu pensava em bolas de sabão. E não era lua-cheia. E era outra a noite. E parecia um imenso retorno. E... "
Licínia Quitério
na escuridão dos armários e
na lã e
na seda e
no desenho do corpo e
na linfa dos frascos e
no forro das gavetas e
nas nervuras das folhas secas e
na tinta dos livros e
no odor da canela e
nas casas translúcidas
dos sonhos repetentes
Voláteis partículas da memória
transportam o fogo e
o gelo e
a fome e
a sede e
o desejo de um absurdo plenilúnio e
"O que aconteceu para escreveres isto?" - perguntei.
Tentou explicar: - "Foi uma mistura de cheiros na noite. E as cores iam mudando. E eu pensava em bolas de sabão. E não era lua-cheia. E era outra a noite. E parecia um imenso retorno. E... "
Licínia Quitério