
em que mares navego
em que reinado
que sombras me decoram
em anel de virtudes
outrora celebradas
e que dizer dos ossos
a aguardar banquetes
de matilhas esfaimadas
sem deuses que castiguem
ou perdoem
que fazer com o silêncio
da dor que implode
o prédio da saudade
ser português O’Neil
aqui agora
não cabe num poema
é uma aflição
Sabe-me bem falar com os Poetas, os de hoje e os de ontem. Atrevo-me. Peço-lhes de empréstimo as palavras que descobrem ou que refazem, os sentimentos que revelam e onde vamos encontrar amparo, as reflexões sobre a vida e o mundo, sempre traçadas na fronteira do choro e do riso. Alexandre O'Neil é um dos sacrificados pelas minhas incursões nos seus domínios, conforme amostra acima. Ele que escreveu um poema tão belo sobre o País que amava e que tão mal o tratou. Passo a transcrever o final:
"...Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós... ".
Licínia Quitério