Chegam de madrugada
São o eco de divagações nocturnas
Vão contando o princípio de histórias
Que desejámos e esquecemos
Trazem as vozes brandas
Os gestos inacabados
Mulheres e homens
Que deixámos
Que nos deixaram
Agora sombras que sem saber invocamos
No suave despertar vão-se esbatendo
Confundindo tempos
Deformando -se
Transformando-se
Ausentando-se
A luz do dia tudo apaga
As sombras guardam
Num desvão secreto
Essa outra vida não vivida
Verdadeira como todos os sonhos
Licínia Quitério