5.9.23

CHEGAM DE MADRUGADA

 

Chegam de madrugada

São o eco de divagações nocturnas

Vão contando o princípio de histórias

Que desejámos e esquecemos

Trazem as vozes brandas

Os gestos inacabados

Mulheres e homens

Que deixámos

Que nos deixaram

Agora sombras que sem saber invocamos

No suave despertar vão-se esbatendo

Confundindo tempos

Deformando -se

Transformando-se

Ausentando-se

A luz do dia tudo apaga

As sombras guardam

Num desvão secreto

Essa outra vida não vivida

Verdadeira como todos os sonhos


Licínia Quitério

 

 

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