No cofre, no silo, na garganta
Junto ao ouro, à corda, ao grão
Desde a mina, o campo, o sangue
Depois da dor, do golpe, do ciúme
Antes do brilho, do tremor, do vibrato
Em tudo e nada e nunca e sempre
Aquela voz acontece
E diz o nome, a data, a rua
E a certeza do silêncio
Tudo o que nos deixa é a lembrança
De um tempo ameno
De um lugar seguro
De um som inominável
Se a voz aconteceu há de voltar
Licínia Quitério