Alguém pediu ajuda.
Ou foi o murmurar da água do ribeiro?
Ou o rumorejar das hastes do salgueiro?
Ou o cão a pisar folhas mortas de Outono?
É um choro de criança ao abandono?
É o lamento de um pobre esfomeado?
É a raiva do peixe picado pelo anzol?
É mulher a parir desamparada?
É um andar peregrino?
Uma onda de mar que se perdeu do sal?
Um pássaro do norte que se perdeu ao sul?
Um abraço sem força que se perdeu do amor?
Uma palavra solta que perdeu o sentido?
Uma saudade do amigo distante?
Uma dor sem remédio?
Uma flor despedida pelo vento do jardim?
Um sorriso sem rosto onde possa habitar?
Uma voz desgarrada sem saber ecoar?
Alguém pediu ajuda.
Ou foi no meu ouvido o sangue a latejar?
Melhor partir, dormir ou fingir ignorar.
Licínia Quitério
Mafra, Fevereiro de 2006
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