Chegam pela tardinha com as costelas doridas
e o amargo nas pupilas.
Um dia mais, pleno de
turvações e folhas mortas.
Pensam caminhos sobre
feno acabado de cortar,
mas vem tão longe o estio.
Fazer a festa, o gesto largo,
armar o palco das palavras
e pô-las a tocar, olhar e ver.
Pegar a voz nas mãos unidas
e lançá-la, despudorada e forte,
do cimo da vontade, até ao céu.
Soltar o medo e apear os ídolos
dos pedestais de cera.
Fazer soar um sino na garganta
e expulsar a rouquidão
das névoas persistentes.
Do magenta ao escarlate é
um pé descalço e o peito aberto
à tentação do vento.
Que venha o tempo de pôr asas na voz
e desvendar segredos de Epidauro.
Licínia Quitério
Nota: Uma breve pausa para outros lugares, outros olhares. Até à volta. Fiquem bem. Deixo um abraço e um sorriso.
Licínia