
Foto do Tó-Zé - Tempo Antigo
Há quanto tempo foi
que esta batida começou
a ecoar pelas crateras
dos vulcões dormentes?
Vieram gelos e degelos
e com eles chegaram e partiram,
de mãos dadas com os deuses,
bactérias, sáurios, mastodontes
que ainda procuramos,
na ânsia de saber
como foi que tudo aconteceu.
Esse pulsar cadente
ora nos enche de sustos,
ora nos despe ao sol,
ora se diz amor ou raiva ou dor.
Quando não o sentirmos,
vão dizer que morremos.
E não nos importamos.
Também os retratos envelhecem. Amarelados. Manchados de humidades. O pulsar do Tempo nada poupa. Um dia talvez as nossas interrogações cessem de pairar. Um dia talvez possamos transpor o arco para além do qual alguma luz se mostra. Um dia talvez saibamos da batida e saudemos os sáurios. Entretanto, para cá do arco, vamos contemplando os retratos no fundo das gavetas, lembrando o musgo nas paredes e aproveitando o Sol para nos despirmos.
Licínia Quitério