23.9.25

AS MÃOS

 Para além de nós ficam as mãos.

Com elas percebemos e palpamos

e moldamos o ar que respiramos.

As carícias, mesmo as que não demos,

fazem das mãos a nossa eterna idade,

a nossa infância a tactear o mundo.

Com elas nos prendemos ou soltamos

e falamos mais fundo do que as vozes.

São as mãos que nos marcam a presença.

Talvez não mãos, mas asas ansiosas

sempre à espera do voo nas alturas.

Há belas mãos, inteiras, tão galantes,

mãos de príncipe a desbravar silvados,

sem se doerem inda que o sangue aflore.

Pelas mãos nos perdemos e achamos.

Onde elas chegam chega o nosso amor.

 

 Licínia Quitério, 2005

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