Para além de nós ficam as mãos.
Com elas percebemos e palpamos
e moldamos o ar que respiramos.
As carícias, mesmo as que não demos,
fazem das mãos a nossa eterna idade,
a nossa infância a tactear o mundo.
Com elas nos prendemos ou soltamos
e falamos mais fundo do que as vozes.
São as mãos que nos marcam a presença.
Talvez não mãos, mas asas ansiosas
sempre à espera do voo nas alturas.
Há belas mãos, inteiras, tão galantes,
mãos de príncipe a desbravar silvados,
sem se doerem inda que o sangue aflore.
Pelas mãos nos perdemos e achamos.
Onde elas chegam chega o nosso amor.
Licínia Quitério, 2005
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