3.2.13

DEAMBULAR



Deambular nos álbuns do passado à procura do fio que nos explique o tecido que somos. Suportar o aperto que dizemos no peito para não dizermos alma ou outra palavra escusa e impalpável.Tudo e nada é retorno. Tudo é memória. Despojos da passagem pedem histórias e nós as construimos, linha a linha, no silêncio, que tudo o que for dito arrisca-se à verdade ou à mentira de ouvidos néscios, julgadores. Quando todos partiram, ficamos nós e os objectos. Vai-se a carne, fica o osso.  Na sombra dos salões, no mofo dos papéis, ausências se apresentam e presenças se esfumam. A imobilidade é desafio, afronta, sedução e repulsa. Revisitar. Balancear. Regressar à casa onde a luz e o sangue. Ousar o impossível.

Licínia Quitério

6 comentários:

Mar Arável disse...

Ousar o impossível

escrever palavras improváveis
acender um fósforo
para que se faça luz
na memória das sombras

Sofia disse...

Ando a deambular nas memórias de um passado que não é meu e que ilustrei no FB...
Deixo um beijo e votos de boa semana.

Licínia Quitério disse...

Sofia, o seu perfil não é acessível. Qual é o seu nome no FB?

É assim uma visita mistério :)

Manuel Veiga disse...

fincar os pés no chão da vida...

beijo

Justine disse...

Só os albuns interiores nos dão as raízes que nos fincam à terra...e nos permitem levantar voo!

M. disse...

Assim "o romance da existência", como diz, através do seu magnífico personagem Edwin Clahanger, Arnold Bennett no seu livro "Clayhanger".

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