Nas minhas mãos nascem caminhos
por onde o sangue corre
a levar recados do coração.
Sei de borboletas que ali flutuam
porque o bater das asas se anuncia
no tremor da pele.
Digo borboletas
mas poderia dizer antigos sonhos
que não desistem de adejar.
Digo das mãos
para dizer trabalhos nunca acabados,
na orla das grandes tempestades,
à entrada dos túneis imensos
com uma sombra ao fundo.
Digo mãos
como se amor fosse
a mão a acenar a outra que passa,
branca e fugidia,
nas noites de lua nova.
Licínia Quitério