29.8.25

O MAR

o mar embraveceu alevantou-se

emudecemos escutamos

percebemos a dimensão da vida

em tempo de procela

Licínia Quitério

25.8.25

UMA LEMBRANÇA


Eu sei que devia falar
do relevo da cal
da agonia das nuvens grávidas de céu
do rolar do medo no olhar dos pombos
da gente nos terraços respirando a tarde

Mas prefiro dizer
da luz duma lembrança
que o mundo clareou como se a madrugada
na fundura do dia aprisionada
por mim se libertasse esquecida de morrer

Licínia Quitério



24.8.25

OS PAVõES

 

era outro o tempo
de darmos as mãos
no recorte sombreado das tílias

o fragor do leque dos pavões
abalando a moleza da tarde
no desalinho dos sentidos

chorávamos abraçados
na dança dos pavões
ou tombávamos ébrios
porque as tílias estavam em flor

Licínia Quitério



20.8.25

O FOGO


A terra está dorida de chamas.
Adormece sob o manto escuro da tormenta.
Os homens vigiam-lhe a quentura.
Não sabem quando virá um clarão desafiar a noite.
São os dias da aflição do verde.
É o tempo do pássaro de fogo.

Licínia Quitério

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