Salta fora da caminha p'ra que o Maio não possa entrar. A minha velha vizinha não se chega a levantar. Cantavam as vozes da rádio. Eu não entendia, mas trauteava.
Estás amarela. Deixaste entrar o Maio. Ralhava a avó, zeladora da continuidade dos temores ancestrais.
Para a semana vou a Lisboa ter com uns amigos. Avisava o pai, sem dizer no primeiro de Maio. A mãe suspirava e traçava um nervoso discreto no cós da saia.
Os estudantes tomaram a Sorbonne. Os operários tomaram as fábricas. O coração da Europa batia forte. Cheguei tarde. A polícia já limpara as ruas, mas senti o cheiro do novo Maio.
O povo unido jamais será vencido! O povo unido jamais será vencido! Nunca o choro e o riso se tinham encontrado para cavalgarem o rio colossal da liberdade. Estive lá.
Amanhã vou a Lisboa ter com uns amigos. Festejar o Primeiro de Maio. Digo isto bem alto. Ouvem-me?
Licínia Quitério
11 comentários:
"o sítiodo poema" tomado pela prosa poética feita Abril e Maio....
beijos
No passado dia 25 fui à avenida. Está triste, sem canteiros nem flores: encheram-na de pedras, pedras, mais pedras, de cor e forma cinzenta vieira que, dizem, é alto lá, de sapiência...
Subi, desci, voltei a subir e voltei a descer: já não estão lá as vendedeiras com molhos de cravos vermelhos!...
(não vale a pena ir ao Bolhão; fechou para demolição da alma)
Hoje não volto à avenida; para quê?...
Onde foram as gentes?...
abraços!
... um óptimo primeiro de Maio também para ti!
(a surdez é um mal que infelizmente ainda aflige alguns portugueses.)
beijinhos.
"Nunca o choro e o riso se tinham encontrado para cavalgarem o rio colossal da liberdade."
Um 1º de Maio e um Maio inteiro muito bons. Um beijo Licínia.
Ouvi, sim senhora! E gostei do que ouvi.
Ouvi sim e também fui, também encontrei amigos, muitos amigos, e um mar de gente anónima, determinada,cheia de força. Aí vamos nós :))
Bom fim de semana
Estaremos lá. Sempre! até que o voz nos doa. E nos oiçam...
abraço. forte e solidário.
Em Domingo de Maio, desejo-te um feliz dia da Mãe, amiga.
Beijinhos
Bem Hajas!
maio: o mês da liberdade e da flor.
ofereço-as a toda a humanidade.
um abraço
jorge vicente
Julguei, erroneamente, que a essa altura da vida, finda a ditadura militar há muitos Maios, trilharíamos presente mais ameno, onde a exploração humana cedesse lugar à cooperação entre as pessoas; a Liberdade tão ansiada fosse também prenúncio d’uma era Igualitária. Paciência... paciência não quer dizer cruzar os braços. Em qualquer estação (re)viver Maio, (re)plantar sonhos com as mesmas mãos que um dia empunharam faixas e plantaram arroz e milho.
É, tô contigo, Amiga! – assim como tantos que continuam a acreditar na Utopia.
Um abraço fraterno.
Ouvi tarde, mas ouvi!
Como um grito!
VERMELHO...
[Beijo de maio]
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