Teatros de sombras nos palcos estivais
são a dolência dos abraços
nos pátios da memória.
O brilho feroz dos metais
não diz da escuridão das caves
nas cidades desertas.
Só o vento solar nos impede
de adormecer sobre a carne seca
dos animais degolados.
Este calor põe lâminas sujas
por dentro das palavras.
Licínia Quitério
12 comentários:
Retrato subtil e táctil do verão. Imagens que me fazem lembrar Eugénio: ele chama-lhe finas agulhas de aço...
Nem eu pensei uma coisa dessas, nem tu tens que te sentir envergonhada... Antes pelo contrário, pois as tuas metáforas são belas e cristalinas como as dele, por isso mo fizeste lembrar:))
Beijo
Subtileza e beleza. Fabuloso!
o sol a pino
é o meu destino
pois se sou português
estou "queimado" de vez*.
*Hoje a areia estava tão quente, que deu para aquecer o tachinho com o arroz de ervilhas que levámos para a praia para acompanhar os pastéis de bacalhau.
Beijinhos e sorrisos.
poema intenso.
Um belo poema. O verão a aproximar-se das palavras pelas margens do calor...
Um beijo Licínia.
É un poema fermoso e delicado que permite sentir a calor do veran...
Unha aperta grande Licínia.
:)
"Do calor"...humano falámos, enchendo os nossos pátios de risos e sombras convidativas.
Por hora me contenta!
Bjinho
...do calor...da passagem de estado sólido à liquidez do sentir.
Profundo. Como as caves adormecidas de carne seca...
Um abraço, Licinia!
por dentro destas palavras não há lâminas sujas.
há sim, um vento solar que as refresca.
um beijo licínia.
Do calor, das palavras, da sensisbilidade de quem as escreve. Belo.
Das palavras, lembro o pó mastigado com travo a ferro. Da imagem, sinto força da vida sob o astro impiedoso. Da dança de ambos os elementos, a subtil metáfora da própria existência.
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