8.9.08

AO NORTE




Os pássaros do norte têm o piar desolado dos arautos de procelas. Só acalmam quando a luz negra dos lagos sobe ao arrepio dos verdes e oferece espelhos de céus inconcebidos. Às vezes ficam em terra porque a leveza do ar os não sustenta.
O frio é um belíssimo cavalo branco passeando os cumes das montanhas.
Nos vales, os poetas celebram primaveras e derramam versos por entre pétalas de rosas em rituais festivos.

Digo isto com a certeza de nada entender de terras anteriores às catedrais, aos quadros, aos livros, às vozes dos poetas na primavera.

Necessário é escutar os sons do norte quando o sul nos abrasa até ao osso.


Licínia Quitério

19 comentários:

Graça Pires disse...

"Necessário é escutar os sons do norte quando o sul nos abrasa até ao osso."
O norte e o sul abraçados no poema.
Um beijo Licínia.

Justine disse...

As terras primordiais, onde repousam as nossas raízes, e que por vezes nos deixam perplexos.
Como o jogo magnífico das tuas fotos, mostrando que afinal o verso e o reverso são a mesma coisa.

clickit disse...

Eu fico...siderada... completamente! Sempre o poema, aqui o esperamos sempre.
Aqui com olhos multicores.
De sul voltados de norte. O teu sul é mais sul que o meu...
Bjinho

Anónimo disse...

Desculpa: fui eu, bettips, estava noutro lugar e distraí-me.
Bjinho

batista disse...

Sê bem-vinda, Amiga!

uma beijoca fraterna.

CNS disse...

O vento frio na leveza do sopro das tuas palavras. Muito bonito.

maria josé quintela disse...

com ou sem certezas


estes melodiosos sons do norte



também são sítios do poema!

Patanisca disse...

Estou de volta com um pedido de desculpa por não ter avisado que ia tanto tempo de férias. É visita rápida. Voltarei de novo para estar com tempo.

vieira calado disse...

Passei para ler e deixar beijinho.

Manuel Veiga disse...

inquietantes. os pássaros do norte. desenhando céus inconcebidos. de que importa ler os sinais.

... como o teu belo poema!

beijo

M. disse...

Belíssimo este dueto de fotografia e palavras. Um cântico que me comove.

M. disse...

Jenny Joseph... Influência de Oxford?...

Unknown disse...

Vasculhando dentro do nosso palimpsesto!

Vanda disse...

Escutar os sinais,


deixar o espirito ser bussola,


no encontro de sendas e corgos...


...assim estou...


Um beijo, para ti, Licinia!

anónimo disse...

fui ao outro e aquele poema em tradução caseira é uma maravilha.

MEHC disse...

Licíiiiiiiiniiiiiiiia!!!! Há quanto tempo!!!Se me lembro!!!O Francês que iniciei contigo, dura sólido até hoje.Nunca te esqueci,por isso.E se me falas do sorriso do meu Pai e da bôla da minha Mãe, não te esquecerei jamais!!!Obrigada por me reencontrares (não sei se te deva tratar por tu,porque me lembro de seres uma senhora quando eu era uma cachopa :D ...)Temos muito a pôr em dia.Lá pelo meu canto,o 'Gustava', dá para ter uma ideia...
Um abraço forte da
Milucha

© Maria Manuel disse...

belas fotografias e belo texto, pleno de imagens sugestivas.

Alberto Oliveira disse...

Do norte conheço alguns passarões que nem te digo nem te conto (como se no centro e no sul também não os houvesse... ) que a minha boca é um túmulo mas mais logo mando-te um e-mail onde vai tudo tim-tim-por-tim-tim.

O piar destes passarocos a que te referes anda agora muito em voga, embora os jogadores de futebol prefiram a designação de "arautos da desgraça". A Selecção em Alvalade deve tê-los ouvido piar e não se cuidou, que aquilo não foi uma desgraça, foi uma hecatombe, que eu não faço as coisas por menos.

Mas voltemos ao teu texto poético, onde dizes (com a modéstia que te caracteriza) "de nada entenderes de terras anteriores às catedrais..." Desculpa mas isso já é exagero. Então tem alguma dificuldade entender "as terras antes das catedrais"?! Antes de terem catedrais, as terras não tinham catedrais, está bem de ver! Aceito, isso sim, que será necessário escutar os sons. Do norte e dos camiões TIR que às vezes me passam aqui rente à porta e me podem atirar desta para melhor(?!)

Sorrisos a oeste.


As imagens estão um must!

Gervásio Leonel disse...

Que dizer espantoso:

"Nos vales, os poetas celebram primaveras e derramam versos por entre pétalas de rosas em rituais festivos."

Vou retê-lo para induzir a minha meditação de hoje.

Bem haja, Licínia

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