6.10.08

QUAL DE NÓS




Que terras procurei e não achei?
Quem sabe é o timoneiro.
Porque morria o sol quando o barco virou?
A tarde era tão fria.
Por que mares naveguei antes de naufragar?
Por todos onde correm os cavalos do vento.
Quem me salvou da escuridão dos fundos?
Um pescador que na noite cantava.
Qual de nós se perdeu e não voltou?
O eco te responde.
Qual de nós?
Qual de nós?

Licínia Quitério

20 comentários:

AnaMar (pseudónimo) disse...

O eco pode perder-se, mas não a voz...Ou será o contrário? :-D

Bonitas fotos com uma texto magnífico.

Graça Pires disse...

Qual de nós se perdeu e se encontrou na solidão do poema?
Um beijo Licínia.

Alberto Oliveira disse...

... prefiro aquele (são todos o mesmo, não são? mas à cautela) pintado de azul (se todos são o mesmo, naturalmente que estão todos pintados de azul) porque o vejo por inteiro.
Porque apenas li as duas últimas interrogações (uma prática muito comum para não se perder tempo a ler quilómetros de textos na blogosfera, quando afinal os comentários deixados -regra geral, são quase telegráficos) tramei-me: não se refere o texto aos barcos (ou ao mesmo barco?) das imagens, mas sim a questões bem humanas.
No interior de um naufrágio terrível (como são todos os naufrágios)nem o eco me orientou. Perdi-me.
Mas volto.
Quando me enxugar.



beijinhos e sorrisos.

Maria disse...

... qual de nós?
Belíssimo poema....
Obrigada, também pelas fotos.

Um beijo, com saudades

vida de vidro disse...

Como são belas as palavras dessa viagem pelos mares onde correm os cavalos do vento! Como saber quem se perde? Talvez saiba o timoneiro. **

batista disse...

não sei, não sei... porém, me pergunto: o mesmo vento que por aí venta é o mesmo que levanta poeira por cá? não sei, não sei... porém, ouso pensar:

quem mais gritou, até perder a voz.
quem mais buscou, até sangrar os dedos
(no caminho que desfez pegadas... pra nunca mais).
“nunca mais?!” “nunca mais” é tempo demais.
e se não mais gritou é porque voz não havia mais.
pingos de sangue pintaram rosas n’areia e aqueceram a tarde fria
... mas não silenciaram o eco: - qual de nós?... qual de nós?
.
deixo um abraço fraterno.

© Maria Manuel disse...

a vida é uma viagem plena de questões.

~pi disse...

por instantes, os dois!?

Maria P. disse...

Qual de nós?...
Pois...

Ainda vizinha, sempre, mesmo que não percebas, acredita.

Beijinho*

hfm disse...

Das perguntas que se estendem nas respostas. Pura poesia.

jorge esteves disse...

Eu, pelo menos sei que no tempo que roubado fui pelo tempo, perdi o tempo de saborear a frescura funda dos teus textos!

abraços!

esse disse...

Há sempre um regresso.

beijinho
sandra

Justine disse...

E haverá maneira de responder à pergunta que o eco não conseguiu responder? Só a vida, talvez. Ou tu própria.

Joana Roque Lino disse...

eco circular, recôndito útero da procura. um beijinho, Licínia.

M. disse...

Muito bem escolhido o simbolismo das fotografias para as belíssimas palavras.

maria josé quintela disse...

há perguntas sem resposta. mas é preciso continuar a perguntar!



um beijinho.

Ad astra disse...

e eu respondo-te:
tantos de nós...tantos de nós


beijo

Rogerio R Ferreira disse...

conheço os seus poemas já há uns tempos acho a sua linguagem concisa e de grande sensibilidade vou visitar mais vezes. Conheci-a primeiro por ver os seus comentários nos textos de Antonio Melenas

Manuel Veiga disse...

"quem me salvou da escuridão dos fundos?"...

fica a ecoar em mim a "intensidade" deste verso.

belíssimo poema.

adorei.beijos

Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) disse...

O legível perdeu-se (Desculpa, legível, perdido sou eu!). Mas meteu água. Agora está a enxugar-se...

Não sei para que serve um comentário (Boa interrogação ele me deixou). Há comentários que poderia ser comentiras; outros, comentérios.

Ninguém comenta (que é mistura de cominho e pimenta) na comida.

Pergunta a Licínia: "E que tenho eu a ver com isso? Ainda por cima tenho que aturar este?".

E perguntamos em uníssono, eu e o legível:

"
Qual de nós?
Qual de nós? "

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