Demandas o abrigo que sabes
há-de haver na fronteira da estrada.
Por isso, homem, inauguras
os dias deixando para trás a casa
e nela o sono breve e inquieto.
e nela o sono breve e inquieto.
Levas o beijo da mulher, dos filhos,
e um trabalho imenso por fazer.
Visitas os lugares que te reclamam,
cumpres a hora de carregar na voz
o que esperam que digas, pouco mais.
Se for preciso cantas com palavras
brandas no embalo dos passos,
sílaba a sílaba a aguentares o prumo.
Ao fim da tarde, quando os ombros
pesam, ganhas de novo a estrada.
Tu sabes, homem, que outra casa
te espera e a mulher está cansada
e os filhos sairam a correr pelo mundo.
Dormirás e sonharás com traços
imprecisos de portais e alpendres
e muros brancos e trepadeiras brancas
e um homem dizendo mansamente
sílaba a sílaba a leveza dos passos.
Licínia Quitério
13 comentários:
Da poesia límpida, bela e melódica. Gostei muito. Muito.
O percurso de uma vida dura, a procura da paz. Pelos caminhos serenos da tua poesia
Abracinho
Magnífico poema, retratando uma vida difícil!
Licínia, muito obrigado pelas suas palavras amigas deixadas no meu humilde cantinho...
Bom Domingo
Um beijo amigo
Licínia
É sempre ao abrigo que retornamos em dia de luta, em noite de tormenta e em momentos de sonhos desfeitos.
Muito reconfortante o seu abrigo
Muito estimulante o seu agasalho
Aroma de
PÉTALA
desemboquei nos anos 60
nos olhos a perseguir o sonho.
a fome nas mãos e a esperança a arregaçar os braços esquecidos de afecto.
há tanta história neste poema/ demanda...
beijos L
Tempos duros os que descreves neste belíssimo poema. É bom recordar, sempre.
Este parte, aquele parte...
Um beijo, Licínia
Há sempre um homem
que se desmanda
Como sempre belo e profundo
água de beber
uma caminhada, uma vida...
belo poema. beijo.
assim o pão dos Homens...
e os Sonhos...
belíssimo
grato (pela emoção que o poema transporta)
beijos
Um poema belíssimo verso a verso. O percurso difícil da vida passo a passo.
Um beijo Licínia.
Na demanda do homem, o encontro do abrigo. Na demanda do tempo, o encontro com o Homem, que o mudará.
Um abraço meu e da outra também.
Excelente poema querida amiga. Gostei imenso das tuas palavras, onde desenhaste belas imagens poéticas.
Beijos.
Os nossos emigrantes - os que vemos morrer pelas obras desse mundo - chorariam, de te saber sabendo deles!
Bjs
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