8.6.10
CAMINHOS
Nos caminhos da sombra se acoitam nossos medos.
Ah não fossem as sombras como andariam loucos,
em desatino, a desfazer a nossa gargalhada, a desatar
o nosso abraço, a apagar o lume que o amor acende,
a ocultar os astros novos que as noites nos ofertam.
Libertos ficam os indícios das pedras que a outras
pedras nos conduzem, sempre mais amáveis, mais
redondas, mais lisas, mais conforme a lassidão do
nosso andar. E as cores, as cores, que nos traçam
os mapas na pele, nos olhos astrolábios, nas mãos
oceanos de gelo, lava de vulcões, nos braços a prata
do devir dos amantes, na boca o oiro com que
se beija um filho ainda por nascer ou já entregue
às pedras e aos medos e ao brilho imenso de viver.
Licínia Quitério
partilhado por Licínia Quitério às 12:20:00 da tarde
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7 comentários:
Sombrios mas belos, estes labirínticos caminhos por onde vai passando a nossa vida...
"Adormeceu obedecendo à noite..."
:)
Licínia,
Também eu andei arredado dos blogs, até do meu... ainda ando... mas hoje vim aqui recuperar o tempo perdido. Gostei de tudo o que li e vi. Não te saberei dizer se mais de um ou de outro, pelo menos à primeira leitura. São poemas diferentes, mas todos muito bons. Como disse noutro local, saúdo o teu regresso.
Belos são estes caminhos por onde me adentro chegando ao fim com um sabor especial no olhar...
Um beijo, Licínia.
«Nos caminhos da sombra se acoitam nossos medos./ Ah não fossem as sombras (...)»
que extraordinário poema, amiga Licínia, uma sabedoria que nos transmites de forma tão poética e bela, como sempre. se não fossem as sombras...
beijo grande :)
Os medos acoitados nas sombras enquanto se procura a luz...
Um beijo, Licínia.
como veredas (secretas) percorridas. em mágicas florestas.
ou como regsito de bordo de um itinerário intimo. de sombras a claridades
belíssimo. sempre...
beijos
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