2.8.10
VERDE
Não fora o verde e o nosso olhar não saberia
da dimensão do dia, da sua fúria ou calmaria,
da serena ou inquieta voz da madrugada,
da espessura ou liquidez do céu que a noite traz.
Verde a persistência da trave e do beiral
da casa nunca feita mesmo quando habitada,
do arco ou do lintel tempos depois do fogo.
No verde os pássaros se amam e compõem o canto
e a lagarta verde é o destino do verde que tragou.
Quando o sol quer o verde é também oiro
e a lua derrama sobre o verde a poalha de prata.
Verde é a alegria de todas as infâncias
por muito que o deserto as tente ressequir, escurecer.
Serão verdes os sonhos de quem nunca encontrou
a loucura, a quentura, a ternura maior que dizemos amor.
O verde é a frescura do caminho de quem sabe correr
preso a raízes, o tronco erecto, multiplicando folhas,
pintando cachos de uvas, verdes ainda, infantes,
maduras amanhã, falantes sempre do verde que as criou.
Licínia Quitério
Para a M., companheiras que somos de verdura e madureza.
partilhado por Licínia Quitério às 12:57:00 da tarde
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20 comentários:
A lembrança do tenro verde que recordamos
numa ombreira de porta, a ter sido,
mesmo quando a trepadeira morreu encarquilhada na solidão do cansaço; e na espera.
Uma fonte clara de palavra que te brota e nos sacia. Obrigada, Licínia, por partilhares esta serena visão.
MUITO BOM...VIERDE QUE TE QUIERO VERDE - LEMBRA?
Sim, Amélia,veio-me à lembrança, mas atrevi-me.
...........
Verde que te quiero verde.
Verde viento. Verdes ramas.
El barco sobre la mar.
Y el caballo en la montaña.
Federico Garcia Lorca
Obrigada por gostar.
Bettips,
Pela minha escrita só passa o que por mim passou e deixou marca. Nem sempre me apercebo dessas marcas em tempo breve. Sei que as há dentro do dentro de mim, mas que delas ainda não tomei consciência. Talvez nem nunca chegue a sabê-las. Outras vezes irrompem sem quererem saber de tempo nem lugar, com urgência e ireverência.
Se algum mérito tem o que passo a escrito é a verdade, a minha verdade sobre a vida e a morte, sobre a beleza e a fealdade das coisas e dos homens.
A ti posso dizer tudo isto, mesmo em canal aberto, porque conheces muito da parte de mim que ainda importa.
A amizade não se agradece. Um beijo, Bettips.
A tua fotografia e as tuas palavras comoveram-me. Obrigada, Licínia.
"O verde é a frescura do caminho de quem sabe correr"
Obrigada.
Obrigada eu, M., que me deste o verde e a casa, e das raízes vais fazendo novas seivas, belos frutos ainda verdes que um dia serão frondosos, aromáticos como a grande tília.
Abraço grande.
Sou eu que agradeço, HFM, a constância da sua presença e a amabilidade dos seus comentários.
Luminosos, os verdes que coloram o poema!
Obrigada!
L.B.
Lídia,
Finalmente já consigo retribuir os seus amáveis comentários.
Beijinho.
Verde, em todas as cores da vida e da amizade!
Abracinho
Senti a falta da tua verdura, Justine. Até levei um poema pensando em ti. Sou màzinha...
Beijo, beijo.
Fortes e ternas são as tuas palavras maduradas de verdes...
Um beijo, Licínia.
Obrigada sempre, Maria, minha fiel leitora.
Um beijo, Amiga.
Muito belo o seu poema!
Quem sabe... sabe!...
Saudações poéticas
Obrigada, Vieira Calado. Bons caminhos tenham os seus poemas.
De tantos azuis
até aprecio os teus verdes
porque são ternos
e partilhados
imensos
Bj
Estou gostando muitíssimo das suas fotos. E dos poemas - este em especial, rico de imagens, de verde, de luz, de alegria de raízes e frutos.
Um grande abraço.
Mar Arável,
Um obrigada dos meus verdes pelos teus azuis.
Beijinho.
José Carlos Brandão,
Muito obrigada pelos amáveis comentários que por aqui vai deixando.
Um beijinho.
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