8.11.10

POR VEZES



Por vezes tudo se confunde.  As minhas mãos
são sol dentro das tuas e há  cintilações nos campos
do Outono onde se guardam nuvens e esmeraldas.
Por vezes tudo se transforma. O céu cansado
mergulha na película dos lagos e adormece
em sono leve rente aos limos e às memórias.
Há um rumor de passos de ninguém e um lamento
de aves sem canto nem asilo. Há um fim de tarde
suspenso nas ramagens das árvores do Verão.
Por vezes sou o Verão a suportar a casa.
Por vezes sou a casa e acolho a sombra.
Por vezes tudo se confunde  e sou a sombra.
Por vezes.

Licínia Quitério

12 comentários:

Maria disse...

Por vezes a sombra é luz e calor. Acolhedor.
Por vezes ainda me consigo espantar. Com o teu olhar.
Por vezes...

Beijo, Licínia.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

Por vezes és o poema guardado nas tuas mãos que a inspiraçao solta e voa nas letras envoltas em nuances de beleza....

muito bom....


um beij

hfm disse...

Quando as vezes são vezes para lá do por vezes. Belíssimo, Licínia.

Anónimo disse...

Por vezes tanta coisa se torna outra e quase sempre tudo retorna na espiral do acontecer.
Tem pouquíssimo tempo que descobri teu blog, desde então e por vezes estou sempre, olhando, sentindo, permitindo que tuas palavras sejam tantas outras em mim, num universo de ressonâncias.
Obrigada por compartilhar publicamente.

Cleidi

Benó disse...

Por vezes somos tudo e sentimo-nos nada.
Poeticamente, ofereceste-nos muito.
Obrigada.

Alien8 disse...

Não é só por vezes, é sempre bom ler-te :-)
Um abraço.

Justine disse...

Pungente, o teu poema.O cansaço,o cansaço! De cortar a respiração...

Graça Pires disse...

Por vezes encontramos assim um poema maravilhoso para ler. Obrigada Licínia.
Um grande beijo.

Manuel Veiga disse...

por vezes ainda me surpreendo. no deslumbramento de um poema...

aqui. agora.

beijos

Virgínia do Carmo disse...

Por vezes tudo se confunde... e tudo dói..

Um abraço

bettips disse...

Tantas vezes
a casa suporta o vazio. Ela não sabe dos passos nem fica desamparada, na penumbra do corredor.

Mas vem um pássaro teu, um poema, uma cintilação. Abre-se uma janela.
Bjinhos L.

© Maria Manuel disse...

lindo! sempre és um belo poema, qualquer palavra minha lhe retiraria a magia.

beijo grande, Licínia.

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