Ajuda-me. Este cansaço pesa nas palavras e eu não digo mais o sabor da alegria, o riso da manhã, o poder da montanha, o murmúrio das marés, o crepitar do amor em nossas mãos. Ajuda-me. A inclinação das ruas tornou-se insuportável e eu preciso subi-las para abraçar a memória da pele das rosas, do veludo do café, do abrigo das madeiras. Eu sei, as andorinhas voltarão ao recorte do telhado, o plátano será mais uma vez a capa do meu verão, saberei ainda adivinhar os barcos na transparência das casas, soltarei o riso na indecisão dos nevoeiros, na adolescência dos peixes vermelhos. Quero trepar a escada dos sonhos adiados, das promessas de pão, do brilho do oiro, da luz una e dividida, da paz, da paz. Não me deixa este cansaço de mil vidas no meu peito. Ajuda-me. Eu espero.
Licínia Quitério
10 comentários:
Muito, muito belo... Tão boa esta sensação de inesperadamente tropeçar num texto que me comove, me faz desabar...
Deixo-lhe um beijo
Licínia, que lindo este texto. Vem imbuído de um sentimento que identifico e, por isso, se faz meu.
Um beijo
No esforço de subir, a beleza do caminho.
Como me apetece dizer alto o teu apelo!!!
Bjinho
Belo.
Gosto muito da foto; gosto das tuas palavras e não gosto do tom!!!
AIDA
Se nos dermos as mãos é mais fácil. Na mesma direcção, a uma voz e muitas palavras. Destas.
Belo texto!
Beijo, Licínia.
Comovente apelo... apetece acorrer e ajudar...
Votos de um Natal feliz e imenso...
Beijinho
Um texto de beber às mãos cheias
um apelo que se conquista
Grato
Bjs
Eu ajudaria, mas como se já és a própria força das palavras?
Um beijo e um Natal cheio de LUZ. Que 2011 te traga saúde, amor e alegria.
Pungente e nostálgico e fulgurante e comovente e profundamente poético, este cântico de "em-velho-ser" (roubando a expressão ao S.) , ou do tempo a esvair-se...
Gostaria de ter sido eu a escrever este texto, amiga:))
Boas Festas!
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