lagos crianças descalças.
Estão nos vasos nos jardins nos compêndios
de botânica nos cemitérios. Ponto.
Não são a alegria das noivas a sabedoria
dos jardineiros a dor dos sobrevivos.
São brancas azuis verdes vermelhas amarelas. Ponto.
Não são a candura o céu a floresta
o cio o ciúme.
São minúsculas medianas grandes enormes
extraordinariamente grandes. Ponto.
Não são o grão de talco o saber dos tolos
o amor amado o desejo de voar
o desejo de ser deus.
Vivem sós em cachos em espigas
em chapéus numa só cabeça em chapéus
em cabeças diferentes. Ponto.
Não são a solidão o grupo a cidade
a multidão acéfala a multidão em festa.
São duradouras breves efémeras. Ponto.
Não são a força das mães o amor de verão
a fama dos heróis.
São um pretexto para dar espessura ao texto. Ponto.
Não são letras sílabas palavras.
São flores assim ditas no começo.
Ponto por ponto.
Licínia Quitério
6 comentários:
Há muitos tipos de flores, Licinia, como tu bem sabes. Eu creio que as flores são tudo isso que tu dizes em negação. Ou não?
Pois é, minha amiga poetisa, é preciso pôr os pontos nos iis, ser muito lúcida e saber distinguir sempre o que é realmente importante do que é acessório...
A beleza, às vezes, não é fundamental!
Lindo bordado! Ponto pé flor...
Gostei e ponho os pontos, as vírgulas e as reticências onde me apetecer...
Bjka
AIDA
da raiz passando pela tenrura do caule ou o picar do espinho
aberta
ou botão
promessa
as flores
que muitas vezes transportámos na mão
e nos estão nos olhos.Lindo pontofinal.
Bj da bettips
"dá-me lírios
e rosas também..."
beijos
Bastar-se-ão então a si mesmas pelo que são e assim serão inspiração e significado.
(Vou tentar pôr-me em dia com o meu atraso aqui.)
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