Posso escrever sobre coisas banais e dizer
que me bateram à porta quase noite e não
abri receosa de saber quem batia. Posso
escrever sobre grandes causas e afirmar
que as inventei e daí me veio a obrigação
de as defender. Posso, é bem claro, escrever
sobre os desgostos de pessoas tão iguais
a mim, tão iguais. Sobre milhões de coisas
e de causas e de pessoas à janela dos dias
do oiro, dos dias do chumbo, dos dias da raiva,
dos dias do amor. Posso escrever até ao dia
das janelas abertas, das coisas claras, das causas
maiores, das pessoas que me batem à porta
de manhã e eu abro sem medo de saber
quem bateu.
O dia será em que tudo foi escrito.
Licínia Quitério
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7 comentários:
Tens razão mas não basta
a poesia exceleste que partilhas
tem de considerar o tempo da caça
Os Coelhos andam por aí
Perdoa o desaforo
Bjs
Quase bíblico. A simplicidade e a complexidade da existência.
são tantas as coisas... e é sempre tanta a tua sensibilidade e atenção ao que te rodeia, é a poesia tua voz no mundo.
beijo, Licínia!
"o dia claro e límpido" que tão bem (e também) desenhas em palavras belas.
beijo grato. pela emoçãozinha.
Licínia,
Um toque brechtiano! - ou imaginei coisas :)
Seja como for, muito bom!
Abraço.
O dia será, poetisa!
Que a poesia nos vá dando alento...
Podes escrever TUDO. Sobre o amor, a raiva, a glória, o lugar.
É sempre,
como dizer,
uma mágoa;
mas alta, positiva,
de ler-te viva!
Bj
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