Há um cheiro a relva
acabada de cortar
acabada de cortar
nos passos leves com que medes
incansavelmente medes
a casa
e o tempo de a viver
incansavelmente medes
a casa
e o tempo de a viver
Não gastas
a casa
Acrescentas passado
e escritas de sábios
à história que há de ter
a casa
Vestes
a casa
Vestes
a casa
e o teu odor a ervas
pode ser o perfume das manhãs
o álcool das noites
o fumo do inverno
o suor do verão
Sei que os teus passos
retomam a contagem
quando a orquídea
na janela
abre um sorriso de mulher
abre um sorriso de mulher
e um tilintar de sinos
explica o vento
nos muros do quintal
onde respira
a casa
onde respira
a casa
Licínia Quitério
7 comentários:
A casa :)
Muito bom mesmo, Licínia.
Fica-se em paz.
Um beijo.
Como se estivesses a falar do que eu sinto aqui, neste canto sereno e silencioso...
Abraço
eterno retorno da Vida...
que te seja suave. como a relva acabada de cortar...
beijo
Uma casa de sonhos acordados
Bj
O lugar da casa é o lugar dos sentimentos. Aqui, lavado pelo cheiro da relva e o contar dos passos futuros.
Muito belo, L.
A "casa" que nunca se gasta.
A casa, corpo que nos habita.
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