4.4.12

ATRAVESSAM OS RIOS




Atravessam os rios com a leveza
das fadas da noite e a alacridade
dos botões da primavera
Cheiram a corpos extenuados
das batalhas e ostentam
na pele as estradas do luto e do fulgor  
Esperam poemas onde poisar
as muitas falas aprendidas
na passagem das águas 
nos rumores dos ventos
no estalar das folhas secas
em dias de abandono
Imóveis suportam a chegada
dos bichos invasores
das pragas impiedosas
do riso obsceno da morte
Reescrevem os fados 
iludem predições
tratados de sobrevivência
Partiram há muito e afirmam
a presença inquietante da ruína


Licínia Quitério


Reprodução de foto de Augusto Cabrita

4 comentários:

Mar Arável disse...

São pontes senhora

Bjs

M. disse...

Como uma profecia que se cumpre.

Justine disse...

Os homens. A humanidade. Nós, que atravessamos neste tempo um rio caudaloso e bravo...

Manuel Veiga disse...

e vêmo-los por aí no rumor de antigas caravelas...

... neste mês de Abril da nossa (des)esperança.

beijo

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