17.1.13

EM NOSSA VOLTA TUDO ARDIA



Em nossa volta tudo ardia
mas o lago crescia
e as nossas mãos teciam
sílabas abertas de futuro
No crepitar das chamas
soavam palmas e cantares
de amor amigo
Limpámos as águas e bebemos
o vinho curtido pela espera

À ameaça do fogo lançávamos
as palavras frescas 
do tempo fresco e novo
Livros abriam-se à passagem
inaugural do riso 
Os cães dormiam sobre
a nossa interminável vigília

Ninguém sabe dizer
há quanto tempo foi
esse bater de corações
vertiginosamente doces
essa febre de vida
doidamente apetecida

Pode ser já se diz
que não tenha acontecido
Pode ser amanhã
a seguir ao dilúvio
a seguir ao incêndio
no repique dos sinos
na saudade da festa

Há-de ser já se diz
num qualquer amanhã


Licínia Quitério

5 comentários:

Mel de Carvalho disse...

Lícinia, a sua poesia faz parte de um leque que, mesmo não comentando com a regularidade que lhe seria devida, me acompanha - adoro, sinceramente, lê-la.

Grata pela partilha.

Beijo
Mel

Justine disse...

Ha-de ser, sim!

Manuel Veiga disse...

Sibila, anunciando os sinais...

belíssimo, minha Amiga

bettips disse...

Faz-te assim, fogo e látego! Faz-te assim - deixa-nos contigo, assim! Despertamos, sorrimos, entristecemos mas vivemos.

Emília Silva disse...

Olá, boa tarde, vim por curiosidade visualizar este seu agradável blogue, e tenho a dizer que adorei e aproveito para a convidar a visualizar o meu blogue e a seguir se quiser.Bjs.http://emilysilva2010.blogspot.pt/Continue com o bom trabalho.

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