11.2.13

HOUVE UM TEMPO



houve um tempo em que as águas se moviam brandas 
nas vozes dos homens que murmuravam preces 
a deuses conhecidos nomeados de sol e mar e 
montanha e vento e amor de homem e amor de mulher 
e vulcão e lua e caça e caçador e tudo tudo 
o conhecido e o desconhecido o desejo e o desejado 
a fúria e a posse e o possuído e o calor da pele e 
o frio da pele e o crescimento das árvores e dos filhos 
e dos irmãos e das feras ainda por domar ainda por amar

houve um tempo houve um tempo de inocência e 
de muito azul de frutos por trincar de mares por sulcar 
de pedras por cortar de sangue por jorrar de não haver 
esperas nem demoras nem cansaço nem suor nem dor 
nem prazer nem riso nem lágrima nem gente nesse tempo


Licínia Quitério  

5 comentários:

Mar Arável disse...

No mar sem tempo

todos os azuis se reunem
para cantar memórias a amanhãs

M. disse...

O tempo da beleza das coisas?

Justine disse...

Agora a inocência foi-se, mas fica a lucidez - e a poesia, sempre a poesia!

Manuel Veiga disse...

tempos de encantamento...

beijo

bettips disse...

Se te leio num lado e se deambulo neste? Claro, é afecto e admiração que te tenho. E as palavras esculpidas sempre.
Bj

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