23.7.13

SENTO-ME


Sento-me na inutilidade das coisas quando secam os frutos à míngua de carícias. Peso tanto como as minhas pernas cansadas de alinhavar viagens. A penumbra é um lugar indeciso aninhado no veludo do tempo. Na hora de folhear as outras horas, passam por mim cavaleiros de infindáveis batalhas, corças assustadas, cabeleiras fulvas, flores de oiro velho. Espero um teatro novo, de carne e não de sombras, de vozes alagadas de riachos, de corpos nus, terrenos, fabulosos, fabricando o pão, repartindo. Adormeço.

Licínia Quitério 

2 comentários:

Manuel Veiga disse...

um teatro novo - onde seremos actores de corpo inteiro...

belíssimo texto.

beijo

Mar Arável disse...

Seremos de novo crianças
um dia
a partilhar o pão
das nossas bocas

Um dia é já hoje
se há pão

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