9.8.13

LOBO


Olha-me nos olhos. Assim, de frente, de perto. Não me ignores, lobo. Olha-me, diz-me do teu rancor, do teu estado de bicho, da tua oculta mansidão, do teu segredo, do teu amor de lobo pela loba, das tuas Luas cheias, do teu medo de seres homem, de perderes o teu olhar de fogo, de te perderes na serra, de te perderes de amores, nas noites claras da Cassiopeia, nas dobras dos uivos que povoam o teu cio, a tua raiva, o teu poder de fera, o lobo-lobo que há em ti. Olha-me, lobo, assim de frente, assim de perto, uma única vez e não te esquecerei. 

Licínia Quitério

2 comentários:

Mar Arável disse...

Olhos nos olhos
sempre

Justine disse...

Sabes, minha amiga, que continuas a escrever esplendidamente?
Para quando um livro com estes textos de prosa poética tão conseguidos?
Beijo, com saudades

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