28.1.14

GUERRA E PAZ



Passam os homens e no seu rasto ficam  as muralhas a  contar a história da defesa e do ataque, do saque e dos saqueados, dos heróis e dos cobardes, dos homens guerreiros, das mulheres guerreiras, da força do ferro, da escassez do pão, da vigilância, da artimanha, da traição, da lealdade, da indigência, da fartura, da queda, da vitória, do ouro e do sangue, da matança, da embriaguês, da humilhação, da confiança, da desistência, da glória dos vencedores, do opróbio  dos vencidos.

A queda das muralhas, o campo aberto, o gado tresmalhado, a orgia do ar novo, a confiança, a fartura, a alegria, os homens de paz, as mulheres de paz e as crianças que dantes não havia.


Passam os homens  e no seu rasto ficam as muralhas a contar a história, a repetir a história, eterna a história de erguer muralhas, de derrubar muralhas, e sempre e sempre a glória eterna, o opróbio eterno e, por raras vezes, os homens de paz, as mulheres de paz, a cuidarem crianças que na guerra não havia.

Licínia Quitério  

5 comentários:

Mar Arável disse...

No ciclo das marés

Bjs

Benó disse...

Haverá sempre os opostos nesta vida como tu os descreves.

Justine disse...

Para quando o fim deste ciclo vicioso?
Gosto muito do ritmo do teu texto, do vai-e-vem das acções/emoções! Muito belo.

Manuel Veiga disse...

passam os homens - e acrescentam, sempre!...

mesmo na dor.

beijo

Graça Pires disse...

O teu texto é mesmo actual. Não se aprende nada de uns anos para os outros.
Gostei muito do que li, Licínia.
Um beijo.

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