23.12.15

TREM DE PASSAGEM


De passagem vamos, neste trem de ferro, 
a engolir paisagens, casas, 
terras que não guardam casas.  
Casas a espreitar os rios. 
Rios que estreamos,  rios que se mostram, 
rios que sabemos e se ocultam.  
Pontes sobre abismos.
Provocadores abismos, 
pavorosamente atraentes, 
brevemente apagados.
De corrida vamos, neste trem 

de partidas e chegadas. 
E as paralelas a guiarem-nos. 
E o trem obediente, coleante, 
bamboleante.  
Uma vontade de ficar, colado ao vidro, 
o vidro colado ao ferro, o ferro 
a correr no outro ferro, e nós 
a entontecer, a paisagem desfocada,
a vontade quebrada, a mão 
abandonada sobre o sono. 
O trem que vai, o trem que vem, 
que vai, que vem. 
Que vai.

Licínia Quitério   

2 comentários:

Mar Arável disse...

Em coro na diferença da voz

Bjs

mariam [Maria Martins] disse...

Muito bom!
... passei para desejar um Feliz 2016!
beijinhos e saudades daqui :)
mariam

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