27.5.16

AS PEDRAS


Sobre as pedras passaram muitos anos,
a pele acrescentada de líquenes,
casulos, sujidades.
Viram trabalhos de homens
e ganharam saberes, utilidade.
 
Já foram muros, torres, fortalezas.
Se não se desmoronam, engrandecem.
Contam o tempo no desfolhar das árvores.
Aguardam pacientes o despontar dos gomos.
Guardam segredos de quem passa.
Resistem à tortura do aço e da inveja.
As árvores escutam o seu canto 

a louvar a liquidez do mar,
a acalmar a avidez do mar.
Cantam as pedras, choram. 
Nenhum homem as ouve.
Outras pedras virão
e em pleno do dia cantarão. 

Licínia Quitério

2 comentários:

Graça Pires disse...

As pedras cantam o som inquieto dos nossos passos.
Sempre belo o que escreves.
Um beijo, minha Amiga.

Anónimo disse...

Muito lindo.

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