Num verso longo é que se joga a vida
Um verso longo e branco com sabor a caminhos,
a lonjuras
Um verso de palavras sonoras
a tilintarem nas esquinas
gastas pelos corpos
vivos de manhã
a tilintarem nas esquinas
gastas pelos corpos
vivos de manhã
e à noite adormecidos
Jogar às escondidas, fechar vogais, abrir vogais,
gritar ditongos ou cantá-los ou sofrê-los
Das consoantes fazer cordas, saltá-las,
repeti-las, ignorá-las
O verso é longo e a vida
perdeu o gosto de esperar
Melhor deixá-lo ali na alvura da folha
a jogar com as palavras
um dominó de velhos à tardinha
antes que o sol se esconda
e o verso se recuse
e emudeça
Licínia Quitério
2 comentários:
É sempre tão bom ler-te, minha amiga Licínia...
Um beijo.
E tu jogas tão completamente
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