De despertar
Com uma corda no braço
Ou uma pedra na mão.
Tão próxima é a foz
Que o rio não avistamos
E da nascente não sabemos
Senão o grito, o arrojo, o respirar.
Dos anjos salvadores
Restaram penas,
Alguns poemas que em estrela se tornaram.
Um outro, eu sei, escapou
À matança, à purificação.
Se de nome mudou
Talvez se chame flor ou
Água de beber
Ou perfume em riso de mulher.
Talvez eu seja o rio
onde mergulhe para afogar
A urgência do poema
Ou seja a corda e o salve
E lance a pedra para bem longe
E o poema seja eu que me salvei.
Licínia
Quitério
Nota - em "As Vozes de Isaque" - Derivações poéticas a partir da obra "O Último Poeta", de Paulo M. Morais, da Poética Edições
1 comentário:
a corda, a pedra e o poema e um rio quase mar...
dá para vêr o poema, qual papagaio de papel, preso à pedra e sobre o rio a esvoaçar.
não é livre, mas acabou por se salvar.
(imaginação que um belo poema pode desencadear).
um abraço e votos de Ano Feliz.
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