O rosto. A gente sabe lá o que é o rosto, o nosso rosto.
Quem o viu chegar e à luz o percebeu
não saberá quem é, quem será, por quanto tempo.
Pode até acontecer que se esqueça de si,
do tal rosto que os outros olham
e que ele de verdade nunca viu.
Um dia mostram-lhe um espelho,
põem-no ali mesmo de fronte.
A mão do rosto aflora a superfície fria e pergunta
quem é que tem um rosto assim, quadriculado,
parece que vai desmoronar.
Ficam a olhar-se, como se fossem dois e perguntassem
Quem é esta figura tão igual, tão desigual.
Sabem-no ambos, mas guardarão segredo.
Licínia Quitério
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