E vem mais um Setembro
com a memória do restolho ardido
na passagem do incêndio
na passada da guerra
Traz o olhar soturno este Setembro
como se anunciasse derrocadas
desertos
vinho azedo
dilúvios
como se fosse profeta ou adivinho
como se não soubesse
da crueldade
a assolar todos os Setembros
quando o leite das mães se faz coalho
as fontes secam
as aves esquecem a partida
Vergado este Setembro
ao peso da estiagem
o passo incerto
de quem já muito andou
e ainda arrisca
outra viagem
na busca duma flor
entre os escombros
Licínia Quitério
2 comentários:
Que o teu mês de setembro seja muito bom. Magnífico, o teu poema.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Muito obrigada, Graça, minha Amiga Poeta.
Saúde para ti também.
Beijinho.
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