Enquanto passeia nos seus jardins de inverno, a mulher pensa na rapariga que ofertou a pele ao desenho colorido de um rosto e procura perceber por que o fez.
Por certo amou o dono desse rosto e quis amá-lo eternamente, como se diz do fugidio amor.
Se demorou a apagar o desenho, terá sido por medo, não fosse a pele doer ou crescer-lhe uma dor no coração.
Ao fim de muito passear nos seus jardins de inverno, a mulher desistiu de entender a tal rapariga com um amor tatuado.
Há-de aprender a pedir razões à sua pele nua, friorenta, que não guardou um amor fugidio.
Lembrar-se-á vagamente de o ter apagado e sentirá crescer-lhe uma dor no coração, enquanto passeia nos seus jardins de inverno.
Licínia Quitério
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