no meu país a neve há-de ser cor-de-rosa.
eu a esmagar nos dedos flores de seda.
eu com uma rosa a morder-me na boca.
eu deitada na branca planície dos teus olhos.
eu a dançar nas espirais da tua voz.
eu no ramo mais tenro da árvore de cristal.
eu com um animal ferido nos braços.
eu com uma corda de esparto em redor da cintura.
eu a cobrir de versos os muros velhos do meu país.
Licínia Quitério
21.5.08
A NEVE HÁ-DE SER
partilhado por Licínia Quitério às 7:16:00 da tarde
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19 comentários:
Tu a construíres um poema com neve e flores, com um animal ferido nos braços :))
Belo!
um poema onde a alvura aquece o sentimento das palavras...
doce como mel
claro como
água~
Gostei do poema.
Se aceitar, tem uma rosa à espera de a ir buscar.
Saudações.
Lindo. ponto final.
damos as mãos. nessa cruzada. de "cobrir de versos os muros velhos do meu país".
excelente. poema. o teu.
Que bonito que é, Licínia!
gostei imenso!
A senhora tem um sítio muito bonito, mas olhe que o meu...
Tela
utopia, tão colorida
"eu a cobrir de versos os muros velhos do meu país."
Eu a ler os poemas que escreveste nos muros velhos deste país...
Um beijo Licínia e obrigada poe este belo poema.
Belo, muito, mesmo muito. Fiquei fã deste sítio.
a neve há-de ser assim. :) como nos teus sonhos. um beijinho.
"Desculpa mas não posso concordar contigo pelo menos em dois pontos." e no tom de voz de Zebedeu dos Anjos percebia-se bem a sua irritação "A neve cor-de-rosa, num país de homens valentes e viris, habituados a enfrentarem touros cara-a-cara?! e os muros cobertos com poesia? e onde sobra espaço para os incitamentos grafíticos às cores dos nossos amados emblemas futebolísticos?? Talvez por isso, te queiras deitar na planície dos meus olhos, e com eles tapados, me queiras poupar ao previsível desastre artístico... "
"Olha: vai bugiar, Zebedeu!" exasperou-se Anunciada das Dores. Irritado, mas bem mandado, ele foi. Mão no leme, direitinho à Torre do Bugio.
Beijinhos e sorrisos.
Sabes, Licínia, este teu poema, pelo que diz, pelas flores, e pelo modo como está exposto, lembra-me a delicadeza de um poema oriental. Há tanta coisa comum ao sentir do ser humano, qualquer que seja o lugar que ele habite e as influências que receba. É reconfortante, pelo que representa de partilha num mundo igualmente de não-partilhas.
Quando cheguei, comecei a ler as flores, pensei na flor de pessegueiro, as pinturas só sugeridas de traço, no Japão;
e vim pela árvore transparente.
Fiquei sem fala em frente aos muros.
Só depois compreendi o poema.
Bjinho
no teu país, Amiga
os muros
velhos e novos
se cobrem de versos
teus e de pessoas como tu
que pintam de sonhos cor-de-rosa
páginas em branco
do que há de vir
uma rosa e um cravo
a espantar a mediocridade d’um tempo
... que reluta em passar
no meu país...
(pra ti, um abraço fraterno.)
Belissimo....
Neve rosa...Só tu, Licínia!
Agradeço os parabéns!
Bjs da flor
o poema há-de ser feito assim :) gostei muito de ler, licínia. um beijinho.
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