Clarisse insiste em folhear-se nos álbuns. Flores de cinzento e sépia colam-se na frescura dos dedos. No silêncio dos papéis choraram árvores e nasceram torres e ameias de castelos pagãos. Passeia-se Clarisse e os seus passos acalmam a inquietação dos vultos. Alonga-se em ternura e um suavíssimo abraço surpreende a penumbra. No vão dum arco, antes do negro, um sorriso regressado da cabana de musgo dos invernos. Clarisse atenta na brancura dos céus. Azuis seriam as aves que fugiram da história. Teimosamente verde é a brandura dos seus olhos respirando a estrada.
Licínia Quitério
15 comentários:
Admito conhecer esta Clarisse
a menos que as aves azuis
ainda me tenham algo
a dizer e os seus olhos sejam
verdes
talvez esmeraldas
e cabelos soltos
onde me desmaio
Tudo ou quase tudo, no passado, é cinza e sépia. Como as árvores e os olhos-estradas de Clarisse.
Bj
Maria Mamede
Impõe-se uma explicação: Só hoje vi o teu comentário num blog chamado "Palavras" porque esse blog é apenas uma cópia do "Título Qualquer Serve", com ênfase em alguns tipos de texto, e que era suposto não estar aberto. É raro lá ir, e nunca para ler comentários: Os ditos já viriam do "Título", e não haveria nunca comentários novos, se por acaso eu não me tivesse esquecido de fechar o "Palavras" da última vez que para lá copiei os posts do outro.
Dito isto, quero agradecer a visita e o comentário. Quero ainda acrescentar que gostei do que aqui vi, e que voltarei, sem dúvida.
Peço desculpa pelo atraso.
Boa semana.
Resistente. A teimosia.
Clarisse folheando no Inverno de pensar, imaginar os bramidos das matas. Verdes e (e)ternos.
Bjinho
Gostei destes olhos que, se me não engano, estão partindo do castelo de Lx.
Folhear-se nos álbuns. Encontrar-se no tempo que vai passando deixando as marcas da vida...
Belo! Um beijo.
Que passeie então Clarisse, docemente, pelo caminho da memória que a transporta até à estrada de hoje.
Afinal os castelos, principalmente os pagãos,renascem todos os dias
estou a gostar desta clarisse que procura caminho nos albuns.
um beijo licínia.
Lindo texto póetico tão consonante com todas as belas coisas que escreves!
Parece que finalmente o tempo está a arrebitar, será que em breve nos poderemos ver?
Bjs
TD
Ora aqui está um pequeno texto muitíssimo bem esgalhado!
É obra de quem sabe, o que para mim já não é novidade.
Bjs
sigo os belos olhos de Clarisse e insisto com ela em folhear as páginas...
Teimosamente verde.
Brandamente verde.
Um abraço, verde poesia tua.
... admiro a persistência de Clarisse no seu passeio pelo passado-aprendizagem.
Foi pena a fuga das aves azuis da história 2.
Felizmente que ficou para a posteridade o verde (tinha de ser!) que é a brancura dos seus olhos.
Lindo!
Sorrisos e beijinhos.
leves os passos de Clarisse, que aquietam os vultos.
que Clarisse prossiga na órbita das aves perdidas. em reencontro de brandura e sabedoria...
belíssimo.
beijo
Interessantíssima a expressão que usas: "folhear-se nos álbuns". Como que um jardim interior onde se passeia Clarisse. E depois, as palavras ligadas à fotografia: "... alonga-se em ternura...". E os nossos olhos a seguir a vereda estreita feita de pontinhos. Lindo este diálogo entre palavras e fotografia! Belíssimo tudo isto!
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