Clarisse pronunciava amarílis com prazer e recato. Não se atrevia a tocá-las, que aquele esplendor fazia temer a queima dos afagos. Tardes de Verão a reclamarem o resguardo de fetos e de canas bravas. Foi no ano em que o verdilhão nidificou no grande cedro e declarou que não entendia as dúvidas dos humanos. Um Verão prenhe de fábulas e de assombrações de luar na intimidade dos claustros. Clarisse começou a escrever um conto sobre a menina que se perdeu no escuro e as mãos feiticeiras que a trouxeram de volta à infância da água. Ainda não o terminou. Não será hoje, que Clarisse adormeceu sobre os álbuns, atordoada pela vibração das amarílis.
Licínia Quitério
17 comentários:
Tão belas as tuas palavras! Beijos.
História com cores de camélia (por que há-de a camélia ser a minha flor do Romantismo?...):
'Aquilo que Eu não sei, é a minha melhor parte!, disse, um dia, uma outra Clarisse.
abraços!
Quando regressar lerei tudo.
Um beijo
Mas um dia esse conto será terminado, tenho a certeza. E com final feliz.
Beijo
Tens o dom de poetar nos túneis das palavras ("desejo" e "desejado" ...).
Clarisse nunca vai dormir a não ser para o sonho. Ela nunca entenderá, como o pássaro, as dúvidas dos humanos.
Bjinho
Gostei dessa fluência de palavras.
Os meus parabens nao so por isso mas pelo blog em si! ;)
Está a ser feito um bom trabalho ate agora :)
Os meus parabens.
Eu entretanto proponho uma visita ao meu cantinho :) Contém crónicas e tops com relativo (e improvável xD ) humorismo. Vale a pena uma vista de olhos, pode ser q aches interessante :D
Cumprimentos! @
"Formosam resonare doces Amaryllida silvas"
E dito isto, Títero e Melibeu viraram as costas à pobre Clarisse, que ajeitou os álbuns em forma de almofadas predispondo-se a sonhar com o Verão, e foram curtir as suas mágoas para a tasca do verdilhão.
É tão bom ler a tua Clarisse...
... dará lugar a um livro?
:)))
Um beijo
"prenhe de fábulas e de assombrações" é este teu conto que sigo com toda a minha curiosodade.
Um beijo Licínia.
Clarisse voa nas asas do verdilhão. suspensa. entre as memórias de hoje. e as cores de amanhâ.
...em delicadas vibrações!
soberana. a tua escrita.
beijos
Contigo olho os álbuns. Um dia Clarice acabará a história da menina. Mas não decifrará as assombrações do luar. Esses são os mistérios da vida. **
Ainda bem que nem todas as vibrações são visíveis
mesmo por dentro das paçavras
um prazer ler , Clarisse aqui, outra, que me desassossega tanto como a Lispector!
cordialmente
__________ JRMarto
Clarisse está a crescer, sensível^`as flores, as cores, à imaginação. que terá para nos contar?
Há sempre vibrações de flores, coloridas e cheirosas, ou não, consoante os nossos sonhos...e Clarisse não foge à regra. Clarisse sonha, poisada ou pairando por cima das fotografias ou do passado.
Muito bom,SEMPRE!
Beijos
Maria Mamede
Da frescura da Natureza. E aquela gota vermelha ali, que bonita!
Na minha antiga casa, havia vasos com Amarilis, uns vermelhos e outros laranja.
Sempre os achei belos, mas nunca os amei como Clarisse.
Bj
Maria Mamede
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