Quando nasci, foste-me casa e rua,
o nome duma história a descobrir
e o mundo numa praça à beira rio.
Pela minha cidade me pensei
transeunte da boémia e da saudade,
a rimar caravela e desacato.
Entristeci nos palcos e nos becos
até que o cheiro a cravo se soltou
e Arlequim pulou e a lágrima secou.
Então te amei de amor aberto e rubro
neste pontão de enganos, nesta luz
sempre acesa no vidro dos telhados.
Pelas esquinas de vultos rente ao escuro,
de novo se alimenta esta cidade
com sobras de ternura e ousadia.
Persistência de pombos e mendigos
na rapina do sol e das sementes.
Meu corpo, minha terra, minha gente.
Licínia Quitério
12.6.09
RETRATO DE CIDADE
partilhado por Licínia Quitério às 11:42:00 da manhã
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14 comentários:
Fantástico poema, Licínia!! Adorei. Muitos beijos.
Belissimo poema, amiga. O que, naturalmente, não causa admiração. Essa guardei-a, inteirinha, para a imagem: perfeita!
abraços!
Licínia,
quando o poema é cidade.
quando o poema é saudade.
Muito bom, Licínia.
Um beijo.
Os espaços da nossa existência... A nossa existência rente aos espaços.
Lindo!!!
Um beijo
lugares
onde
a respiração
se
a-funda
e-é-leve :)
~
Reconheço a cidade no poema, reconheço o recanto no retrato, RECONHEÇO-TE!
que bom ler-te cidade , feita de ti...
beijo, Licínia
__________ JRMARTO
Que poema lindo sobre esta cidade "com sobras de ternura e ousadia". Apetece cantá-lo.
Um beijo Licínia.
Intúo que percorrín eu esta cidade...
Beijinhosssss minha amiga.
:)
Cidade poema amada e cantada. Como só tu sabes. **
sei dessa cidade. e dói-me. por vezes...
... mas no "rimar caravela" e "nesse amor aberto e rubro" nela nos encontramos.
belíssimo.
beijo
que belo poema, Licínia!
um beijo.
A força de um poema!
... Mas ao mesmo tempo a singeleza e a leveza de uma aguarela.
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