7.3.10
DERIVA
Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som das suas falas
que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice das neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais
As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN
Apeteceu-me reler Sophia. A das palavras claras que penetram no fundo do tempo. Sempre me encanta. Começo a sentir saudades dos poetas que escreveram na luz. Há por aí tanta escuridão, tanta fealdade, em jovens poetas talentosos. Sinais dos tempos, dizem-me. Sinto pena. Por eles, por mim.
Licínia Quitério
partilhado por Licínia Quitério às 10:28:00 da manhã
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14 comentários:
Há quanto tempo não te visitava...
Concordo contigo, há escuridão a mais.
Vale a pena ler Sophia, de facto. Parabéns pela escolha.
Bom Domingo.
Um beijo
Fulgurante, este poema de Sophia!
E as razões porque te apetece poesia luminosa são quase uma sobrevivência: precisamos de sair destes tempos, inventar outros. E quem senão os poetas? Começa já, minha amiga...
Como gostei de reler Sophia e como gostei de ler as tuas palavras. Obrigada.
"Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou deus.
[...] (de Sophia, a inimitável)
... será isso, ou não chegamos a escutar?
Andamos acinzentados. Não é só do tempo ou da chuva. É interior.
Faz bem ler Sophia, faz bem saber que há um futuro a inventar...
Um abraço muito especial, hoje.
Bravo !
FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER... deseja uma boa semana para você.
Saudações Florestais !
A Sophia via como poucos conseguem ver. Um olhar ilumninado e belo, sem dúvida...
Beijinho
pois é, Licinia!
como tens razão em refugiar-te na poesia de Sofia.
mas não é apenas escuridão. como bem sabes. os Poetas que admiramos rasgaram caminhos. implicaram-se na vida.
e agora?
beijo e beijo, amiga.
E de repente lembrei Fausto e a sua demanda
e soube porque é que Sophia ilumina os pântanos: porque transportava a esperança.
Lindo, Licínia
Apetece-me tantas vezes voltar a ler a Sophia para encontrar a limpidez e a força das palavras.
É tão bom encontrá-la aqui, Licínia.
Um beijo.
Gosto muito da fotografia que escolheste, em cinzentos brilhantes de águas fundas.
E Sophia é Sophia, como o tempo é espelho e, a escuridão, é o outro lado da Luz...
Um beijinho, Licínia.
Ofuscado pela luz do sol
construo este poema
e é tal a claridade
que atropelo um infeliz caracol;
sendo imensa a minha pena
mais alta é a velocidade.
Prontos. Agora já não me podes chamar de mais um jovem poeta a escrever às escuras que por sinal até apanhei um escaldão dos antigos e fiquei todo encarniçado e tive de ir à farmácia comprar um creme para me fazer voltar à cor natural. Tive o máximo cuidado em escolher o tema, coisa que se pode constatar pelo animal seleccionado para a cena do atropelamento: não se nota uma pinga de sangue...
Sorrisos poéticos.
A Sophia é a Sophia,claro...mas esta imagem"dá cabo de mim".
sempre bom (re)ler Sophia. mas Sophia também escreveu poemas de denúncia, apelando à justiça (não se alheando do tempo em que vivia).
entende-se a nossa necessidade de luz. como diz Justine, "quase uma sobrevivência" nos tempos que correm.
e tu, Licínia, sabes poetizá-la tão bem, quando dizes dos lugares, das emoções, das pessoas, com aquele encanto tão teu :)
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