28.6.10
NOITE
E a chuva mais não fosse que
A inconstância dos teus olhos
Regando as malva-rosas
E acalmando a secura dos relógios,
Assim tu foste o despertar da terra
E a claridade das vertentes ao sul,
Mesmo que o sul não seja mar
E o amor se esconda para sempre
Na mão que te recusas a abrir.
Transportaste a tocha e o clarão
E acendeste o fogo e iluminaste
O quarto escuro e as letras do meu nome.
Por isso a chuva cai enquanto durmo
Embora seja dia, que não verei
De novo a solidão das pétalas
Encolhidas, rasgadas, chorosas
Por o sol ter falhado o encontro,
O afago, o bom-dia, a palavra
que transporta o oiro e a imensidão.
Licínia Quitério
partilhado por Licínia Quitério às 7:16:00 da tarde 9 comentários
27.6.10
OS MENINOS
Licínia Quitério
partilhado por Licínia Quitério às 9:00:00 da manhã 8 comentários
20.6.10
QUENTE FOI O VERÃO
partilhado por Licínia Quitério às 4:29:00 da tarde 9 comentários
18.6.10
JOSÉ SARAMAGO
Este é o tempo em que todos me morrem.
Eu não sou nada e tenho a sorte de ter amado
a grandeza de homens imperfeitos.
Por isso, hei-de voar.
Licínia Quitério
Junho de 2005
Junho de 2010
partilhado por Licínia Quitério às 2:16:00 da tarde 14 comentários
16.6.10
VOLTAS AO CAMPO
partilhado por Licínia Quitério às 8:07:00 da tarde 7 comentários
14.6.10
AUTOBIOGRAFIA
Tudo passou por mim nas noites e nos dias:
a beleza dos corpos feitos de gelo ou brasa
fossem de gente ou ave ou seixo de riacho,
mudos como o luar ou com vozes de prata.
Eram bandeiras e choros e imprecações,
marchas negras de fome e arraiais e danças
e a ternura das mães e o desejo das mãos
e a deserção dos sujos e o abraço dos puros.
Houve também as paredes da casa e a janela
e a porta, como houve as minhas dores
recolhidas, fechadas. Aberta sempre a casa
a quem trouxesse o lume e a boa nova
ou precisasse de secar a roupagem dos olhos.
Com a fragilidade de um cristal de rocha
ou a exactidão e a força de uma teia de aranha,
por tudo vou passando e tudo em mim deixando
uma mancha de sol, uma breve lantejoula,
uma folha orvalhada, uma luz partilhada,
um amigo certo, uma palavra amada
e a loucura das rosas esquecidas do deserto.
Licínia Quitério
partilhado por Licínia Quitério às 11:51:00 da manhã 9 comentários
10.6.10
CLARISSE 15
Foi esta uma maneira de contar a história de Clarisse, devoradora de passados e teimosamente construtora de futuros.
partilhado por Licínia Quitério às 8:00:00 da tarde 7 comentários
8.6.10
CAMINHOS
Nos caminhos da sombra se acoitam nossos medos.
Ah não fossem as sombras como andariam loucos,
em desatino, a desfazer a nossa gargalhada, a desatar
o nosso abraço, a apagar o lume que o amor acende,
a ocultar os astros novos que as noites nos ofertam.
Libertos ficam os indícios das pedras que a outras
pedras nos conduzem, sempre mais amáveis, mais
redondas, mais lisas, mais conforme a lassidão do
nosso andar. E as cores, as cores, que nos traçam
os mapas na pele, nos olhos astrolábios, nas mãos
oceanos de gelo, lava de vulcões, nos braços a prata
do devir dos amantes, na boca o oiro com que
se beija um filho ainda por nascer ou já entregue
às pedras e aos medos e ao brilho imenso de viver.
Licínia Quitério
partilhado por Licínia Quitério às 12:20:00 da tarde 7 comentários
6.6.10
PROVAVELMENTE
Provavelmente nada seria igual
se um tritão inda houvesse, meu amigo,
meu escravo, meu senhor, minha casa de mar.
Os tritões agora são de pedra,
nos lagos e nas fontes, fantasias
dos deuses depois da criação
de vaidades e ambições do tamanho do sol,
da via láctea ou da ínfima partícula
em que nenhum nome cabe para poder existir.
O tritão que eu sabia dos desenhos solares
que só as crianças constroem nas areias
era gentil e sorria quando eu o cavalgava.
Meu escravo, meu senhor, levava-me
a viver minha casa de mar com peixes
cor de luz e tudo o mais que eu não tive
que o meu amigo em pedra se tornou
e a criança assombrada na areia ficou.
Licínia Quitério
Apresento as minhas desculpas por, durante um tempo que espero breve, não visitar os vossos blogs, deixando os merecidos comentários. Grata pelas amáveis opiniões que sempre aqui fazeis o favor de expressar. Deixo-vos o meu terno abraço.
Licínia
partilhado por Licínia Quitério às 5:18:00 da tarde 4 comentários
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