14.10.10
ÁGUAS VIVAS
Estou só. Semicerro os olhos e vejo-te no longe,
a acenar. A tua mão é a corrente a que me prendo
por vontade, a demorar o tempo de partir.
Hei-de saber, amor, se nome tem esta batida
do meu coração dentro do teu. Vem para o pé
de mim. Senta-te no sofá que guarda a forma
do teu corpo intenso, com cheiro ao veludo das manhãs.
Fala-me mesmo que as palavras nada digam
a não ser o que sempre dissemos e continuaremos
a dizer até ao fim dos dias. Preciso da tua voz
no meu ouvido para saber o canto das marés.
Não tenhas pressa. Amanhã sairemos à rua
e seremos a febre de todas as lutas e abraçaremos
os amigos que não envelheceram, que não adormeceram
nos tapetes de flores. E nós, que nos amamos
para além do nevoeiro, há muito a encobrir a nossa rua,
beijar-nos-emos no meio da multidão, e o sol virá.
Seremos árvores até que delas fique não mais
do que um recorte em águas vivas onde repousa o céu.
Licínia Quitério
partilhado por Licínia Quitério às 10:52:00 da tarde
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17 comentários:
licinia
que maravilha
esse é, sim, um poema que procuro
Sónia,
Gostava de saber algo de si. Conhece-me? Eu conheço-a?
É sempre muito amável, mas sempre anónima :(
um poema de inegavel beleza poetica, onde todas as estrofes são cuidadosamente elaboradas.
qualidade impar
beij
Que o amor permaneça como o despertar de todas as consciências...
Poema-amor, poema-esperança!
Abracinho
De todos os "versos", escolhi para mim - "...a tua voz... para me dizer o canto das marés..."
Belíssima, intensa e suave ao mesmo tempo, enfim, profundamente tocante. Parabéns Licínia.
Bjs.
Maria Mamede
Como chocolate derretido escorrendo por entre os dedos transmitindo calma. :)
Uma cadência da revolução, dentro e fora do pensamento. Um sublime amor, uma memória que cheira
à primeira chuva na terra seca.
Onde tens tantas gotas no cabelo? Onde tens tantas flores no olhar?
Cada vez mais, L.
E tens razão. De nada nem ninguém teremos certezas: só enquanto o(s) pensarmos, dedicando palavras e estrelas, aos amados.
Bjinho
Hoje deixo aqui, legível, o OBRIGADO que vos devo a todos, vós que alimentais a minha escrita, lançada assim ao mundo, na esperança de que seja entendida como uma dádiva, que tudo o que ela vos der a mim retornará como pássaro que vai e volta ao ninho.
Bem hajam!
Uma beleza, Licínia! Uma beleza!
"A tua mão é a corrente a que me prendo
por vontade, a demorar o tempo de partir. "
Belíssimo texto, Licínia, muito poético.
Bom fim de semana, um beijo.
Excelente
é verdade sim
um dia o sol virá
para um beijo na multidão
amor derramado. pelas praças. e canções!
belissimo
beijos
Sempre a sonoridade poética das palavras e dos sentidos!
Este amor espalhado pelas ruas... Se derem as mãos podem sentir o bater do coração...
Belíssimo, Licínia
Prefiro-me assim, aqui, como uma cumplicidade - o face é muito envolvente. Aqui penso e não distraio o coração: só leio e sinto.
Bjs
belísssimo poema de amor, Licínia! e o amor conservamos sempre no coração. beijinho.
sim, "águas vivas", a matar nossa sede de uma poesia vivificante e transformadora.
grato, de coração.
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