8.10.10
VEM DA ÁGUA
Vem da água e do sangue e do fogo aceso
pelo amor quando penetra o mesmo amor.
De um minúsculo grão se faz um homem
e a sua história é sempre igual à história
de outro homem. Nos sentidos que houver
há-de saber o mundo, mas nunca saberá
onde começa e acaba a sua própria casa.
Será máximo e ínfimo, tão perto das estrelas
como do irmão distante. Uma águia no penhasco,
quando abraça a amada, uma ameba,
uma lama quando lhe foge o filho.
Um farrapo de rua ou um rei poderoso
- o nada igual a nada.
Mineiro de metais, de versos ou memórias,
perguntará aos retratos antigos a cor dos olhos,
a explicação das coisas simples fora da sua mão.
Lutará pelo oiro das sementes e pelo banho
de luar junto das ninfas em bosques de paixão.
Partirá sem certezas, sem moedas, sem pranto,
numa nau de viagem, para o destino maior.
Licínia Quitério
partilhado por Licínia Quitério às 3:32:00 da tarde
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9 comentários:
Que inspiradora é a chuva!
E partirá concerteza para não mais voltar.
Ficará a lembrança.
A chuva convida ao sossego e à inspiração.
Um bom fim de semana, mesmo com chuva.
As grandezas e as misérias do homem; a história humana feita de insubmissão e cobardias, contada neste teu poema inundado de luminosidade e compreensão. Muito belo, Liciínia:))
a vida é feita de partidas...
o teu poema é excelente.
uma boa semana.
um beij
há palavras que são assim...
poema, como as tuas!
meu abraço!
palavras sábias atravessando a linha do tempo...
Beijinhos
asssim se voa. e tecem os passos. e abrem caminhos - sem outro mister que não seja a viagem para "o destino maior". na explicitação das coisas simples!
luminoso Poema.
beijos
Vem da água a sede que nos prende às fontes...
Belíssimo, Licínia. Um beijo.
Tão bem dito, Licínia!
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