Com tuas mãos falantes é que me anunciavas
a fala das andorinhas e dizias o desenho
do relógio de sol. Como se eu entendesse
as tuas viagens nos passos em redor da sala.
Foi preciso ver as asas saindo dos teus dedos
e a sombra da haste no declínio do dia.
Nessa hora os teus passos fecharam a viagem.
As tuas mãos perfeitas se fizeram arco
e eu pude divisar a rua que viveste
com cuidados maternos a afagar as ervas.
Para lá do arco, disseram os teus olhos,
eu havia de ter a minha luz e as pedras
brilhariam a iluminar esquinas e veredas
e a amplidão dos mares e a solidão dos versos
e sempre e sempre as andorinhas haviam de voltar
porque é nas tuas mãos que começam as aves.
Licínia Quitério
6 comentários:
O quanto se aprende pelo amor! O quanto o amor nos pode dar! E como tu o sabes dizer, serena e contidamente:))
"com as mãos se faz a paz, com as mãos se faz a guerra" - nas mãos se encerram amorosamente as viagens...
gostei muito
beijos
Há mãos assim que começam por ser aves. Um belíssimo poema, Licínia.
Ainda estou à espera de comprar o teu livro.
Beijos.
Perfeito!
É nas tuas palavras que começam muitos dos sonhos...
Um beijo, Licínia.
O amor...essa palavra vida, que anda na mente de todos, mas nem todos a entendem. Pior, por vezes julgam entendê-la...
Magnífico canto...o teu!
Beijinho.
Também voas quando escreves
àcerca das mãos
com a tua mão preferida
para espanto das andorinhas
Bjs
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